Como
sempre, a recomendação é gastar sola de sapato. A diferença
nos preços do material escolar pode variar muito, principalmente
por conta das "compras direcionadas" para determinadas
lojas onde há indicação de que se encontra tudo.
Nos
meus tempos de garoto, a gente era condicionado a comprar
nas duas únicas lojas no Rio que tinham tudo: a Casa Mattos
e a Casa Cruz, no Largo de São Francisco, eram tão folclóricas
que chegaram a ser referencias clássicas em romances contemporâneos.
Se gente não encontrasse lá algum item da nossa lista, a gente
estava perdido porque não ia encontrar em lugar nenhum.
Essa
característica comercial própria de uma época em que, pasmem,
os uniformes eram encomendados coma as medidas individuais
na A Colegial, deixou de existir quando a concorrência passou
a surgir com as pequenas papelarias ou livrarias de bairro,
sempre ao lado dos respectivos colégios, os quais provavelmente,
tinham comissão ou participação no negócio. Com esse direcionamento
e com essa freguesia cativa, tornava-se muito difícil negociar
descontos ou discutir preços.
Como
pai de quatro filhos em idade escolar, todos no mesmo colégio
para poder usufruir de descontos progressivos e racionalizar
tempo e transporte, sempre fiz pressão nas reuniões dos pais
para a manutenção do mesmo livro na mesma série do ano seguinte,
de modo a poder ser aproveitado pelo próximo filho. Sempre
foi uma luta inglória, porque editoras sempre lançavam nova
edição e os filhos seguintes eram influenciados pela mídia,
com professores alegando que os capítulos não estavam na mesma
ordem ou que algo novíssimo tinha sido introduzido no novo
livro. Sempre identifiquei nesse comportamento um quê de corporativismo
didático. É duro para os pais convencer os baixinhos e treiná-los
desde cedo para vencer as resistências do sistema...
Outra
briga era quando ao reaproveitamento dos cadernos de seis
ou oito matérias. Lá em casa eu fazia uma reclassificação
de páginas e divisórias, tirava e botava espirais, fundia
dois ou três cadernos em um e pronto: Lá surgia um caderno
novo, não sem reclamação do escolhido para usar aquele caderno
reciclado...E quando o número de folhas que sobrava era insuficiente,
estava resolvido automaticamente o problema do bloco de rascunho...
Hoje,
várias situações dessas se repetem e podem até servir para
mostrar aos filhos por que eles tem que estudar História ...Temos,
porém, a vantagem de poder sair batendo pernas, especulando,
verificando preços e negociando preços de acordo com o volume
de compras, ainda mas que, fora os livros, estamos cheios
de importados baratíssimos: tenho visto dúzia de lápis pelo
preço de uma caixa de fósforo.
Hoje
com a internet, a oportunidade de pesquisar e obter melhores
informações sobre a lista do colégio a situação ficou muito
mais cômoda. Além da redobrada atenção para evitar o desperdício
e poder comprar mais com menos dinheiro, devemos ter especial
cuidado na avaliação dos custos para obtenção de economia
de tostões durante as operações de pechinchas.
Vejamos
um exemplo de um pessoal já treinado em contenção de custos,
muito por força da experiência antiga em pesquisas de preços
e controle de orçamento doméstico, onde o material escolar
por ser um item de despesa sazonal costuma causar grandes
sustos no seu mês.
Quando
mando um artigo para jornal, sempre que possível tento remeter
o artigo em disquete para facilitar a vida do pessoal da redação.
Num dia desses, fui contactado para saber onde poderiam me
encontrar para receber de volta o disquete e poder escrever
nele o próximo artigo.
Precisei
sacudir o pessoal e lembrar que a caixa com 10 disquetes custava
R$ 7.90, donde cada disquete sai por R$ 0,79, o que era mas
barato do que somente a passagem de ida de ônibus e mais barato
que um litro de gasolina gasto se fosse de carro: típica operação
em que o barato ia sair caro.
É
sempre necessário usar o bom senso ...
Atualizado
a partir de artigo publicado no Jornal do Brasil -RJ